terça-feira, 11 de novembro de 2008

PRISIONEIRA DE MIM...




PRISIONEIRO
No silencio da noite algo me machuca a mente Há um grito preso no peito, uma dor surda Ininteligível, inacessível, um sussurro que faz eco E machuca minha solitude noturna... Procuro, debalde, encontrar a razão Nada encontro e me ponho a cismar... De repente, num súbito de lucidez Um estalo na mente e uma saudade de mim... Me vem uma saudade da criatura que fui E que sei já não ser E me indago onde me perdi... Nos embriagantes soluços do teu amar? Nos sussurros de amor que ouvi e falei, tantos?... Onde ou quando me apartei de meu EU? E na madruga fria e insone vem a descoberta O grito que ecoa dentro de mim sou EU Ou o que fui um dia e me perdi de mim... Reprimi, aprisionei, violentei, quando não vivi Todos os sonhos que sonhei... Renunciei por amor, amei, por certo e por demais Mas agora e só agora Reconheço que por esse amor Aprisionei, enjaulei meu EU e esqueci de mim... Na embriagues dos laços teus... doces laços que Me aprisionaram e eu renunciei a tudo que sonhei... Ah, descoberta estranha e aterradora Me perdi de mim quando assumi minha insensata E estranha necessidade de liberdade... Sim, por que ser livre tem um preço Alto preço que se paga com a solidão A solidão dos diferentes, anormais, irracionais... Paguei e ainda pago o preço dessa libertação Dos laços que desfiz (desfiz?) a duras penas... Sou livre, enfim, mas por que meu EU continua Aprisionado dentro de mim? Ah, solidão... O grito surdo é meu... Que me perdi de mim por amor...
(Madalena Ribeiro)

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